quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O CRUZEIRO DE ARROIOS


A Sopa de Arroios
Desenhado ao natural por Domingos Sequeira 
Gravura por Gregório Fernandes Queiroz
Existente na Biblioteca Nacional


A cena representada é vista do lado de Lisboa e a praça está repleta de grupos de passantes e de emigrados. Do lado esquerdo. caldeirões, em volta dos quais se juntam os infelizes, esfomeados e amargurados provincianos; à direita, sentados no sopé do palácio dos Senhores de Pancas e estendendo-se quase até ao meio do largo, grande número de mulheres e crianças já com a ração distribuída e comendo sofregamente. A cena é animada e viva.
Deste desenho ao natural de Domingos Sequeira, fez uma grande e excelente gravura Gregório Fernandes Queiroz, representando a distribuição de alimentos que se repartia no cruzeiro de Arroios aos infelizes emigrados que abandonavam as suas terras invadidas pelo exército francês, durante a terceira invasão francesa, em Outubro de 1810, e foram acolhidos e sustentados pelos moradores de Lisboa com o maior patriotismo e humanidade.





 O Cruzeiro de Arroios

Abrigado no adro da moderna igreja paroquial de São Jorge Arroios, esta peça de estilo manuelino foi mandada erguer no início do reinado de D. João III a fim de comemorar a beatificação da Rainha Santa Isabel.
A peça encontrava-se originalmente no Largo de Arroios, tal como vem registado na gravura de Domingos António Sequeira, "A Sopa de Arroios". Trata-se de obra em pedra lioz, bastante trabalhada, assentando num soco hexagonal de base cilíndrica, com nó de encordoamento, e com fuste torso, decorado com gramática vegetalista, integrando a representação escultórica de São Vicente Mártir, segurando a folha de palma e a nau com os corvos, símbolo da Cidade de Lisboa. Sobre o capitel, decorado com máscaras e boleados, ergue-se a cruz, de tipologia latina e apontada, que apresenta duas cenas relevadas, na face principal Cristo na cruz e na face posterior Nossa Senhora da Piedade. As figuras deste cruzeiro denotam já influências do gosto da Renascença, pelo acentuado naturalismo escultórico imprimido pelo artista, provavelmente de oficina lisboeta. SML.
http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70504/ 

Classificação do Cruzeiro de Arroios como Monumento Nacional (p.2165):
http://www.igespar.pt/media/uploads/decsmaria/Decreto23_06_1910.pdf





São Vicente


Nª Sra da Piedade



















São Vicente

(Fotografias do cruzeiro por gentileza de Mário Marzagão, a quem agradecemos)


Relembremos o que deu origem ao Cruzeiro:

Conhecemos os problemas havidos entre D.Dinis e o príncipe herdeiro, o futuro D.Afonso IV, por causa do primeiro bastardo, D.Afonso Sanches.


Por intermédio da Rainha Santa,celebrou-se um acordo entre o Rei e o Príncipe, na igreja paroquial de S. Martinho, na Vila de Pombal, obtendo a clemência do Rei e o arrependimento do Príncipe.
No entanto, mais tarde D.Afonso revoltou-se novamente contra seu pai, D.Dinis e tentou destroná-lo.


D.Dinis


D.Afonso Sanches

 D. Afonso IV

Diz a tradição que D.Dinis quando se dirigia para o campo da luta, mandou descansar as suas tropas no sítio de Arroios, talvez para aguardar o arrependimento do filho rebelde.

D.Dinis, para castigar a audácia do príncipe, reúne as suas tropas e vai ao seu encontro, defrontando-se os dois exércitos no sítio de Alvalade (hoje Campo Pequeno).


Uma interpretação romanceada do evento relata que de súbito como que movidos por uma força invencível, lanças, montantes e pendões se abateram de um e de outro lado e toda a peonagem ajoelhou no terreno. Acontecera que montada na sua pequena mula surgira entre as duas facções prestes a digladiarem-se, a figura veneranda e majestosa da rainha D. Isabel. Ninguém se atreveu a avançar, ninguém pensou sequer em embargar o passo da rainha.



Sem olhar ao perigo, corre de um campo para o outro, lançando-se aos pés do marido e do filho, suplicando-lhes para findarem as terríveis discórdias.

Por fim, foram ouvidos os seus pedidos; e, em memória das pazes celebradas entre aqueles dois homens, mandou erigir um padrão, no referido lugar, para testemunhar o acontecimento.





O Padrão do Campo Pequeno, mandado erigir pela Rainha Santa Isabel


Rainha Santa Isabel





A Rainha Santa Isabel foi beatificada em 1516 pelo Papa Leão X e canonizada em 1625 pelo papa Urbano VII.



Túmulo de Inês de Castro em Alcobaça
Uma curiosidade: Inês de Castro era filha adoptiva de D.Afonso Sanches e D.Afonso IV sabia disso. Mais uma razão para a odiar.